Ele era amigo da Besteira, mas era mais amigo ainda do Tempo. O Tempo tinha um problema sério de passar pelos lugares, as vezes o Tempo achava que tava atrapalhando, sentia vergonha de que os outros vissem ele passando, sei lá. Outras vezes o Tempo era grande demais pro tamanho da fresta. Passar era o verbo do Tempo. Assim como conversar era o verbo da Besteira. O menino conversava com a Besteira durante o dia todo, pra distrair ela, pra que sem ela ver, o Tempo passasse pela porta ou pela janela, dependendo do dia. Mas todo dia era assim, até que ele arranjasse outra coisa pra ajudar o Tempo passar pela porta ou pela janela, dependendo do dia.
Então resolveu trabalhar e distrair o Tempo, pro Tempo fazer outras coisas que não só ao lado dele. Mas o trabalho não distraía tanto assim. Tentou estudar, mas aí o Tempo ficava colado nele e passava mais devagar pelos lugares ainda. Aí ele decidiu que o melhor jeito de ajudar o Tempo era ser amigão da Besteira e praticar o verbo conversar. Mas aí, ele de tanto conversar com a Besteira, resolveu namorar com ela, era tão legal distrair o Tempo desse jeito. Aí ele não queria mais que o Tempo passasse, queria era contar 1, 2, 3, fechar os olhos e imaginar que o Tempo tava ali do lado deles, parado. Ele descobriu que quando o Tempo conseguia passar pela porta ou pela janela, dependendo do dia, tudo acabava muito rápido. Ele tinha que comer, que dormir, a Besteira tinha que voltar pra casa pra conversar com outras pessoas... Não sabia mais o que fazer. Até que resolveu ir pra um lugar com a Besteira, onde o Tempo não sabia chegar, mas aí perdeu o amigo.

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